segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
=Caio Fernando Abreu~~=
"Quero te dar chuva de flores pela manhã,
e quando quiseres podes vir colher
sorrisos direto do quintal da minha alma.
=Caio Fernando Abreu~~=
=Lêdo Ivo=
O meu leitor não é o que me lê. É o que me relê
(caso exista).
Um autor lido unicamente uma vez não
tem leitores, por mais retumbante
que seja o seu sucesso.
=Lêdo Ivo=
Frases e poemas=Lêdo Ivo=
Na vida precisamos sempre usar máscaras,
pois ninguém nos reconheceria se nos
apresentássemos de rosto nu.
=Lêdo Ivo=
Perdas e Danos.=Lêdo Ivo=
Quem dorme perde a noite.
Foge da eternidade,
candelabro cativo
na escuridão do céu.
Quem dorme perde o amor,
a vigília madura
da carne que se sonha
a si mesma acordada.
Quem dorme perde a morte
que respira escondida
como a lebre no bosque.
Quem dorme perde tudo
que o acaso deposita
na mesa do universo.
=Lêdo Ivo=
Frases =Lêdo Ivo=
Que em seu gabninete, fala em nome do povo não sabe
que a galinha nasceu antes do ovo.
(soldado raso).
=Lêdo Ivo=
Descoberta do inefável =Lêdo Ivo=
A Lêda
Sem o sublime, que é o poeta? Sem o inefável,
como pode louvar, não traindo a si mesmo,
a plena e estranha juventude da moça a quem ama?
Que é o poeta, que imita as marés,
sem adquirir com o tempo uma serenidade de coisa sempre nua
como se as estrelas estivessem caminhando governadas
pelo seu riso
e seus braços agitassem as árvores feridas pelo clarão da lua?
Sem que seu canto suba até os céus, sufocante música da terra,
que é o poeta?
Libertado estou quando canto. E quero
que minha respiração oriente a vontade das nuvens
e meu pensamento de amor se misture ao horizonte.
Cantando, quero outubro, gosto de lágrima, salsugem,
no instante anterior ao despertar, folha voando.
Sem o inefável, que dura sempre, sem permanecer,
como conseguirei louvar essa moça a quem amo
e que nasce em minha lembrança plena como a noite
e triunfante como uma rosa que durasse eternamente
e não se limitasse à glória de um dia?
Sem o inefável, que valoriza as mãos e faz o Amor voar,
não poderei descer de repente
ao inferno de seu corpo nu.
O sobrenatural ainda existe. E não seremos nós
que alteraremos a indizível ordem das coisas
com as nossas mãos que poderão ficar imóveis
em pleno amor, diante do corpo amado.
É inútil pensar que os anjos morreram
ou se despaisaram, buscando outros lugares.
Eles ainda estão, unidade admirável do Dia e da Noite,
entre as nuvens e as casas em que moramos.
Repentinamente, as vozes da infância nos chamam para a feérica viagem
e lembram que podemos fugir para o longe guardado ainda
no sempre.
Então, nossas necessidades não se reduzem apenas a comer,
dormir e amar.
Temos necessidade de anjos, para ser homens.
Temos necessidade de anjos, para ser poetas.
Vem, incontável música, e anuncia
(ao poeta e ao homem, humilde unidade)
a ressurreição diária dos anjos.
Restaura em mim a certeza de que a folha voando é seu indomável divertimento
pois às vezes sinto que meu primeiro verso foi murmurado talvez
sem que eu soubesse, por um anjo
perturbado com o meu ar desesperado de papel em branco.
Não é a manhã, depositando a semente de alegria no coração
dos homens.
Não é a vida, cântico triunfal descendo sobre as almas.
Não é o poeta, subindo pelos andaimes de carne da lembrança
de uma mulher.
São os anjos, que vieram ligar-nos mais uma vez
à ordem eterna e, à anunciação.
Não nos libertaremos jamais desses anjos
feitos de terra e mar, celestes criaturas
que deixam cair em nós o sol da harmonia.
É inútil matar os anjos.
Eles são invisíveis e traiçoeiros.
De repente, quando nos sentimos seguros, já não somos
os consumidores de instantes, e estamos
entre o Dia e a Noite, no umbral
de uma eternidade vigiada pelos anjos.
.
=Lêdo Ivo=
Acontecimento do Soneto. =Lêdo Ivo=
A doce sombra dos cancioneiros
em plena juventude encontro abrigo.
Estou farto do tempo, e não consigo
cantar solenemente os derradeiros.
.
versos de minha vida, que os primeiros
foram cantados já, mas sem o antigo
acento de pureza ou de perigo
de eternos cantos, nunca passageiros.
.
Sôbolos rios que cantando vão
a lírica imortal do degredado
que, estando em Babilônia, quer Sião,
.
irei, levando uma mulher comigo,
e serei, mergulhado no passado,
cada vez mais moderno e mais antigo.
.
=Lêdo Ivo=
Soneto Puro.=Lêdo Ivo=
Fique o amor onde está; seu movimento
nas equações marítimas se inspire
para que, feito o mar, não se retire
de verdes áreas de seu vão lamento.
.
Seja o amor como a vaga ao vago intento
de ser colhida em mãos; nela se mire
e, fiel ao seu fulcro, não admire
as enganosas rotações do vento.
.
Como o centro de tudo, não se afaste
da razão de si mesmo, e se contente
em luzir para o lume que o ensolara.
.
Seja o amor como o tempo – não se gaste
e, se gasto, renasça, noite clara
que acolhe a treva, e é clara novamente.
.
=Lêdo Ivo=
SONETO DOS VINTE ANOS
Que o tempo passe, vendo-me ficar
no lugar em que estou, sentindo a vida
nascer em mim, sempre desconhecida
de mim, que a procurei sem a encontrar.
Passem rios, estrelas, que o passar
é ficar sempre, mesmo se é esquecida
a dor de ao vento vê-los na descida
para a morte sem fim que os quer tragar.
Que eu mesmo, sendo humano, também passe
mas que não morra nunca este momento
em que eu me fiz de amor e de ventura.
Fez-me a vida talvez para que amasse
e eu a fiz, entre o sonho e o pensamento,
trazendo a aurora para a noite escura.
=Lêdo Ivo=
=Luís de Camões=
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
=Luís de Camões=
=Luís de Camões=
Ah o amor... que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
=Luís de Camões=
Frases e Pensamentos de Luís de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
=Luís de Camões=
Biografia de Luís de Camões.
Luís de Camões
Poeta português (Lisboa ou Coimbra, c. 1524 – Lisboa, 1580), um dos vultos maiores da literatura da Renascença. Sua obra se coloca entre as mais importantes da literatura ocidental.
Luís de Camões é considerado o poeta português mais completo de sua época, ou até mesmo de toda a literatura de língua portuguesa. É assim considerado não somente por ter feito uso de quase todos os gêneros poéticos tradicionais, mas também pela amplitude dos temas de que tratou e pelo excepcional domínio da língua. Camões manipulou todos os recursos da língua portuguesa, ampliando enormemente seu campo de expressão.
Na obra de Camões, a língua portuguesa passou a expressar sentimentos, sensações, fatos e idéias de uma forma que até então não fora alcançada por ninguém. Sua posição de destaque entre os poetas portugueses de seu tempo é devida também ao fato de em sua obra estarem presentes tanto o humanismo como a expansão ultramarina, isto é, os dois elementos que caracterizaram o Renascimento português.
Tornou-se célebre não somente por ter escrito Os Lusíadas, longo poema épico que reflete toda a história e cultura de Portugal até a data em que o poema foi composto, mas também por sua obra lírica, constituída por vários tipos de poemas, entre os quais os mais famosos são certamente os sonetos.
=Cecilia Meireles=
Eu não necessito
de um motivo especial para ser feliz.
Felicidades são pedacinhos de ternuras
que colho aqui e ali!.
=Cecilia Meireles=
=Luís de Camões=
Os bons vi sempre passar/
No mundo graves tormentos;/
E para mais me espantar/
Os maus vi sempre nadar/
Em mar de contentamentos.
=Luís de Camões=
Soneto (Des)pejado =por Bocage=
Tu, oh demente velho descarado,
Escândalo do sexo masculino,
Que por alta justiça do Destino
Tens o impotente membro decepado:
Tu, que, em torpe furor incendiado
Sofres d'ímpia paixão ardor maligno,
E a consorte gentil, de que és indigno,
Entregas a infrutífero castrado:
Tu, que tendo bebido o méstruo imundo,
Esse amor indiscreto te não gasta
D'ímpia mulher o orgulho furibundo;
Em castigo do vício, que te arrasta,
Saiba a ínclita Lísia, e todo o mundo
Que és vil por gênio, que és cabrão, e basta.
=por Bocage=
Guardar..=(Antônio Cícero)=
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guarda-se o que se quer guardar.
(Antônio Cícero)
(Norma Bri)
Eu queria tanto que o mundo fosse diferente!
Assim como nos meus sonhos,
onde fico imaginando tudo do meu jeito,
sem preconceito, egoísmo, ódio e dissabor.
Governado por uma força chamada Amor!
Vejo na traição, no interesse e na dor.
No ciúme desmedido e na teoria pobre
de quem não conhece o seu valor.
O amor está em Deus, na sua grandeza,
quando inspirado criou a natureza.
Na lealdade entre um homem e uma mulher.
Na amizade unida pelo elo da fé.
Está em cada ser.
Em todo o amanhecer!
Ah! Se todos acordassem a tempo
Crianças não seriam abandonadas,
idosos não seriam asilados,
a fome não existiria...
e o crime não teria mais razão!
Lamentável é o mundo que eu vivo,
persuasivo e cheio de pretensão.
Ah! Se tudo isso não fosse verdade!
Se meus sonhos se tornassem realidade!
(Norma Bri)
-----Carlos Drummond de Andrade_
Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim...
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor...
...Viver sem inimigos
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável...
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho...
Ter um ombro sempre amigo
Uma tarde amena...
Ouvir a chuva no telhado...
...E muito carinho meu.
-----Carlos Drummond de Andrade_
domingo, 2 de fevereiro de 2014
_____Sirlei L. Passolongo_____
Que seus passos por esse mundo
sejam encantados de muito amor
Que os passos do seu coração
sejam somente de louvor
Que os passos da sua alma
Reflitam todo seu explendor.
_____Sirlei L. Passolongo_____
=_Sirlei L. Passolongo_=
Quisera a paz de uma rosa branca,
o fascínio de uma rosa vermelha...
A delicadeza de cada pétala
que cobre o botão num lindo abraço.
=_Sirlei L. Passolongo_=
=_Sirlei L. Passolongo_=
Eu contei cada segundo
da sua espera...
Me esqueci que as horas
não voltam.
=_Sirlei L. Passolongo_=
=_Sirlei L. Passolongo_=
Amigos cantam a mesma canção
quando tudo parece desafinado.
=_Sirlei L. Passolongo_=
=(Kurt Cobain))=
Acordar cedo e planejar metas
para cada dia vivenciado
é desafiar e ter auto-confiança.
(Kurt Cobain))
...Não importa =Caio Fernando Abreu=
...Não importa
se grandes notícias não virão hoje.
Que também não venham as más.
Que seu dia seja de paz.
Que você esteja em paz...
E que suas próximas horas sejam
carregadas de pensamentos positivos
e muita paz no coração..."
__________Caio Fernando Abreu_________
—Carlos Drummond de Andrade —
Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma
com leves fricções de esperança. De alma escovada
e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo
e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de
caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de
sua janela.
—Carlos Drummond de Andrade —
com Paulo Fernandes Paisagismo.
Por:Sara Fernandes.