domingo, 19 de janeiro de 2014

Estrela perigosa =Clarice Lispector=


Estrela perigosa Rosto ao vento
Marulho e silêncio leve porcelana
templo submerso trigo e vinho tristeza de
coisa vivida árvores já floresceram o sal
trazido pelo vento conhecimento por encantação
esqueleto de idéias ora pro nobis Decompor a
luz mistério de estrelas paixão pela exatidão
caça aos vagalumes. Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.
No obscuro erotismo de vida cheia nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros. Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras braços e pernas e olhos, todos
mortos se misturam e clamam por vida. Sinto a falta
dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante.
Que medo alegre, o de te esperar.

=Clarice Lispector=

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