sábado, 1 de março de 2014

Clareiras – Mario Quintana


Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período
ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais,
não fique complexado: o inferior é ele.

A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda
que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão,
mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao
certo o que procura dizer?

Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza… Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.
Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.

E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:
“Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem”.
( Mario Quintana )

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