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=PARA VIVER COM POESIA=
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as
únicas que o vento não consegue levar:
um estribilho antigo, o carinho no momento preciso,
o folhear de um livro,
o cheiro que um dia teve o próprio vento...
=(Mário Quintana - Para Viver Com Poesia)=
...
sábado, 19 de julho de 2014
Hoje A Noite Não Tem Luar =Renato Russo=
Ela passou do meu lado
"Oi amor" eu lhe falei
- Você está tão sozinha
Ela então sorriu pra mim
Foi assim que a conheci
Naquele dia junto ao mar
As ondas vinham, beijar a praia
O sol brilhava de tanta emoção
Um rosto lindo como o verão
E um beijo aconteceu
Nos encontramos a noite
Passeamos por ali
E num lugar escondido
Outro beijo lhe pedi
Lua de prata no céu
O brilho das estrelas no chão
Tenho certeza que não sonhava
A noite linda continuava
E a voz tão doce que me falava
O mundo pertence a nós
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Não sei onde ela está
E hoje a noite não tem luar
E eu estou sem ela
Já não sei onde procurar
Onde está meu amor.
=Renato Russo=
=Bob Marley=
"Você só saberá realmente o que é o amor,
quando lhe perguntarem sobre ele e
você não pensar em uma definição,
mas em um nome."
=Bob Marley=
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=Bob Marley=
"A maior covardia de um homem é despertar
o amor em uma mulher sem ter a intenção de ama-la.
=Bob Marley=
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=Bob Marley=
Sozinho, meu pensamento focaliza em alguém.
Deixo-o livre, e de repente meu coração aperta.
Mas não estou triste, pelo contrário,
deixo escapar um sorriso.
Comer não me parece tão importante,
agora me sinto alimentado por outra coisa.
=Bob Marley=
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=Cora Coralina=
Fiz a escalada da montanha da vida removendo
pedras e plantando flores.
I climbed the mountain of life removing
stones and planting flowers.
=Cora Coralina=
=Cora Coralina=
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
=Cora Coralina=
=Rubem Braga=
Há um grande vento frio cavalgando as ondas,
mas o céu está limpo e o sol muito claro.
Duas aves dançam sobre as espumas assanhadas.
As cigarras não cantam mais.
Talvez tenha acabado o verão.
=Rubem Braga=
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*Frases Aleatórias de Vários Autores*
=Rubem Braga=
Sou um homem quieto,
o que eu gosto é ficar num banco sentado,
entre moitas, calado, anoitecendo devagar,
meio triste, lembrando umas coisas,
umas coisas que nem valiam a pena lembrar.
=Rubem Braga=
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*Frases Aleatórias de Vários Autores*
Pensamento=Rubem Braga=
Acordo cedo e vejo o mar se espreguiçando;
o sol acabou de nascer. Vou para a praia;
é bom chegar a esta hora em que a areia que
o mar lavou ainda está limpinha,
sem marca de nenhum pé.
=Rubem Braga=
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*Frases Aleatórias de Vários Autores*
A BELA E A FERA – Jeanne Marie Leprince.
Era uma vez um jovem príncipe que vivia no seu lindo castelo. Apesar de toda a sua riqueza ele era muito egoísta e não tinha amigos.
Numa noite chuvosa recebeu a visita de uma velhinha que lhe pediu abrigo só por aquela noite.
Com um enorme mau humor ele se recusou a ajudar a velhinha. Porém, o que ele não sabia é que aquela velhinha era uma bruxa disfarçada, que já ouvira diversas histórias sobre o egoísmo daquele jovem príncipe. Indignada com a sua atitude, ela lançou sobre ele um feitiço que o transformara numa fera horrível. Todos os seu criados haviam se transformado em objetos. O encanto só poderia ser desfeito se ele recebesse um beijo de amor.
Enquanto isso, numa vila distante dali, vivia um comerciante com sua filha chamada Bela. Eles eram pobres, mas muito felizes. Bela adorava livros, histórias, vivia a contá-las para as crianças da vila. Seu pai, Maurício, era comerciante e viajava muito comprando e vendendo seus produtos diversos.
Um dia voltando de uma longa viagem, Maurício foi pego de surpresa por uma forte tempestade, passou em frente a um castelo que parecia abandonado e resolveu pedir acolhida. Bateu à porta, mas ninguém o atendeu. Como a porta do castelo estava aberta resolveu entrar e se proteger da chuva. Acendeu a lareira e encontrou uma garrafa de vinho sobre a mesma. Após bebê-la acabou adormecendo. No dia seguinte uma Fera furiosa apareceu diante dele. Castigou-o por invadir o seu castelo fazendo dele prisioneiro.
A Fera decretou ao velho comerciante que este morreria por tal invasão. Aterrorizado, o pobre homem suplicou:
__ Deixa que me despeça da minha filha.
A Fera concedeu-lhe o pedido. De volta a sua casa, contou o ocorrido a sua filha.
Sem medo, ela decidiu voltar ao palácio com o pai.
Uma vez no palácio da Fera, Bela tomou coragem e fez uma proposta:
___Deixa meu pai ir embora. Eu ficarei no lugar dele.
A Fera concordou, e o pobre comerciante foi embora desolado.
A jovem permaneceu com a Fera no castelo, mas não era mantida na prisão, podia ficar em um quarto ou na biblioteca, local que muito a agradava. Bela tinha medo de morrer, mas percebia que a Fera a tratava bem a cada dia que passava.
Com o passar do tempo o monstro e a Bela foram ficando mais amigos. Ele se encantava com a forma que a moça via o mundo, as pessoas a natureza. Sentia que ela o via de uma forma diferente, além da sua aparência.
A Fera enfim havia se apaixonado, de verdade. Numa noite, ao jantarem, pediu-a em casamento. Bela não aceitou, mas ofereceu sua amizade.
Apesar da tristeza, a Fera, aceitou o desejo da Bela. Bela , por sua vez, passava dias muito agradáveis no castelo, sentia-se bem lá, porém com muitas saudades do seu pobre pai.
Certo dia dia, Bela pediu permissão à Fera para visitar o seu pai.
____ Voltarei logo – prometeu.
A Fera, que nada lhe podia negar, a deixou partir. Bela passou muitos dias cuidando de seu pai, que estava doente, tinha envelhecido de tristeza pensando que tinha perdido a filha para sempre.
Quando Bela retornou ao palácio, encontrou a Fera no chão meio morta de saudade por sua ausência. Então Bela soube o quanto era amada. Bela se desesperou, também sentia um algo forte pela Fera. Amizade, amor compaixão.
____ Não morras, caso-me contigo – disse-lhe chorando.
Comovida, a Bela beijou a Fera… e nesse momento o monstro transformou-se num belo príncipe. Enfim, o encanto havia se desfeito. A Fera encontrou alguém que o amava de verdade, além da sua aparência grotesca.
Afinal, a verdadeira beleza está no coração.
CURTA HISTÓRIA – Machado de Assis
A leitora ainda há de lembrar-se do Rossi, o ator Rossi, que aqui nos deu tantas obras-primas do teatro inglês francês e italiano. Era um homenzarrão, que uma noite era terrível como Otelo, outra noite meigo como Romeu. Não havia duas opiniões quaisquer que fossem as restrições, assim pensava a leitora, assim pensava uma D. Cecília que está hoje casada e com filhos.
Naquele tempo esta Cecília tinha dezoito anos e um namorado. A desproporção era grande; mas explica-se pelo ardor com que ela amava aquele único namorado, Juvêncio de Tal. Note-se que ele não era bonito, nem afável, era seco, andava com as pernas muito juntas, e com a cara no chão, procurando alguma coisa A linguagem dele era tal qual a pessoa, também seca, e também andando com os olhos no chão, uma linguagem que, para ser de cozinheira, só lhe faltava sal. Não tinha idéias, não apanhava mesmo as dos outros; abria a boca, dizia isto ou aquilo, tornava a fechá-la, para abrir e repetir a operação.
Muitas amigas de Cecília admiravam-se da paixão que este Juvêncio lhe inspirava, todas contavam que era um passatempo, e que o arcanjo que devia vir buscá-la para levá-la ao paraíso, estava ainda pregando as asas; acabando de as pregar; descia, tomava-a nos braços e sumia-se pelo céu acima. Apareceu Rossi, revolucionou toda a cidade. O pai de Cecília prometeu à família que a levaria a ver o grande trágico. Cecília lia sempre os anúncios; e o resumo das peças que alguns jamais davam. Julieta e Romeu encantou-a, já pela notícia vaga que tinha da peça, já pelo resumo que leu em uma folha, e que a deixou curiosa e ansiosa. Pediu ao pai que comprasse bilhete, ele comprou-o e foram.
Juvêncio, que já tinha ido a uma representação, e que a achou insuportável (era Hamlet) iria a esta outra por cansa se estar ao pé de Cecília, a quem ele amava deveras; mas por desgraça apanhou uma constipação, e ficou em casa para tomar um suadouro, disse ele. E aqui se vê a singeleza deste homem que podia dizer enfaticamente – um sudorífico: – mas disse como mãe lhe ensinou, como ele ouvia à gente de casa. Não sendo coisa de cuidado, não entristeceu muito a moça, mas sempre lhe ficou algum pesar de o não ver ao pé de si. Era melhor ouvir Romeu e olhar para ele…
Cecília era romanesca, e consolou-se depressa. Olhava para o pano, ansiosa de o ver ergues-se. Uma prima, que ia com ela, chamava-lhe a atenção para as toilettes elegantes, ou para as pessoas que iam entrando; mas Cecilia dava a tudo isso um olhar distraído. Toda ela estava impaciente de ver subir o pano.
- Quando sobe o pano? perguntava ela ao pai.
- Descansa, que não tarda.
Subiu afinal o pano, e começou a peça. Cecília não sabia inglês nem italiano. Lera uma tradução da peça cinco vezes, e, apesar disso, levou-a para o teatro. Assistiu às primeiras cenas ansiosa. Entrou Romeu, elegante e belo, e toda ela comoveu-se; viu depois entrar a divina Julieta, mas as cenas eram diferentes, os dois não se falavam logo; ouviu-os, porém, falar no baile de máscaras, adivinhou o que sabia, bebeu de longe as palavras eternamente belas, que iam cair dos lábios de ambos. Foi o segundo ato que as trouxe; foi aquela cena imortal da janela que comoveu até as entranhas a pessoa de Cecília. Ela ouvia as de Julieta. como se ela própria as dissesse; ouvia as de Romeu, como se Romeu falasse a ela própria. Era Romeu que a amava. Ela era Cecília ou Julieta, ou qualquer outro nome, que aqui importava menos que na peça “Que importa um nome?” perguntava Julieta no drama; e Cecília com os olhos em Romeu parecia perguntar-lhe a mesma coisa. “Que importa que eu não seja a tua Julieta? Sou a tua Cecília, seria a tua Amélia, a tua Mariana; tu é que serias sempre e serás o meu Romeu.”
A comoção foi grande. No fim do ato, a mãe notou-lhe que ela estivera muito agitada durante algumas cenas.
- Mas os artistas são bons! explicava ela.
- Isso é verdade, acudiu o pai, são bons a valer. Eu, que não entendo nada, parece que estou entendendo tudo…
Toda a peça foi para Cecília um sonho. Ela viveu, amou, morreu com os namorados de Verona E a figura de Romeu vinha com ela, viva e suspirando as mesmas palavras deliciosas. A prima, à saída, cuidava só da saída. Olhava para os moços. Cecília não olhava para ninguém, deixara os olhos no teatro, os olhos e o coração…
No carro, em casa ao despir-se para dormir, era Romeu que estava com ela; era Romeu que deixou a eternidade para vir encher-lhe os olhos. Com efeito, ela sonhou as mais lindas cenas do mundo, uma paisagem, uma baía, uma missa, um pedaço daqui, outro dali, tudo com Romeu, nenhuma vez com Juvêncio.
Nenhuma vez pobre Juvêncio! Nenhuma vez. A manhã veio com as suas cores vivas; o prestígio da noite passara um pouco, mas a comoção ficara ainda, a comoção da palavra divina. Nem se lembrou de mandar saber de Juvêncio; a mãe é que mandou lá, como boa mãe, porque este Juvêncio tinha certo número de apólices, que… Mandou saber; o rapaz estava bom; lá iria logo.
E veio, veio à tarde, sem as palavras de Romeu, sem as idéias, ao menos de toda a gente, vulgar, casmurro, quase sem maneiras; veio, e Cecília, que almoçara e jantara com Romeu, lera a peça ainda uma vez durante o dia, para saborear a música da véspera. Cecília apertou-lhe a mão, comovida, tão somente porque o amava. Isto quer dizer que todo amado vale um Romeu. Casaram-se meses depois; têm agora dois filhos, parece que muito bonitos e inteligentes. Saem a ela.
Fonte: Covil do Orc
*FABULAS.* =APRENDENDO A SER ÁGUIA=
A mãe águia decidiu que aquele seria o dia de iniciar o jovem filhote na sociedade das Águias.
Teria que lhe mostrar que ser Águia é ser diferente de qualquer outro ser. É ter que voar sempre mais alto que os outros.
Levou-o para fora do ninho. Há meses que o jovenzinho vivia ali, protegido, recebendo tudo pronto, ora do pai ora da mãe. Ninguém vinha incomodá-lo. Mãe ou pai, sempre um deles estava nas redondezas protegendo-o, cobrindo-o de plumas, trazendo-lhe iguarias das mais variadas e sempre gostosas.
Ao transpor as paredes do ninho, titubeou. Epa! Não estava acostumado a caminhos diferentes. A mãe sorriu e resistiu à tentação materna de ampará-lo.
Era necessário que o jovem filhote fosse sentindo seus limites, suas forças e fraquezas. Afinal, a única imagem que sempre tivera era a do pai e da mãe. Águias no sentido pleno da palavra é símbolo da imortalidade, do ser vivo sem limites em busca do inacessível aos humanos; símbolo da visão que consegue perscrutar o inescrutável, o invisível, o espiritual, tal qual João, o Evangelista, que conseguiu ver Deus no Verbo e o Verbo, que é Deus, feito Homem; símbolo do poder que paira nas alturas, bem acima do mortal e destrutível, assumido pelo Deus como guia em meio da elevação espiritual; símbolo da imortalidade e dos que conseguem sobrepujar a todos e a tudo, mesmo à morte e, por isso, visto pelos gregos, como a figura mais próxima da realidade de Zeus, o Deus grego todo poderoso;
Enfim, pensava a jovem mãe, tinha que passar para o jovem filhote toda essa história da dinastia, sem se esquecer, é claro, dos povos e grandes conquistadores que decidiram ostentar, em seus escudos e em seus brasões, a figura altiva, de asas amplas, abraçando o universo, de olhar perscrutaste, fixo no horizonte, de garras afiadas que tanto atacam quando defendem. Mas, também, o símbolo da fidelidade amorosa, fiéis, há anos, um ao outro, curtindo o mesmo ninho, sempre o mesmo, mas sempre renovado tanto no tamanho quanto na beleza (para o nascimento do filhote, forrara tudo com folhas novas bem verdes…)
Não seria muita responsabilidade para aquele ser ainda tão novo, frágil, desconhecedor das tristes realidades da vida, das quais nem a Águia, por mais acima de tudo que consiga voar, estará livre? E se ela só lhe contasse os grandes feitos da dinastia: como seu pai a conquistara numa luta jamais vista, como seus irmãos mais velhos conseguiram superar todos os iguais, conquistando espaços cada vez maiores. O dia em que ela mesma trouxera para o ninho uma presa, um bicho preguiça, de peso igual ao seu. Como mãe Águia que se preze, não poderia esconder as verdades. Águia não tem medo da luz, sabe voar alto e, quando preciso, é capaz de voar rasteiro bem próximo à presa. Quando define um alvo, lança-se tal qual flecha certeira e veloz em direção a ele. O céu e a terra lhe são comuns.
- Meu filhote, hoje começa um novo momento em sua vida. Até agora, em seu ninho, você viveu como qualquer ave, dependente, frágil, protegida, sem grandes horizontes. A única diferença é que você tinha uma mãe e um pai que são Águias. Começa para você a “Era da Águia”.
- Mãe, o que vou ter que fazer para ser Águia? Onde estão às outras aves, os outros animais?
- Em primeiro lugar, meu filhote, você vai ter que aprender a Ser uma Águia. Terá que se distinguir até de todas as outras Águias. A nossa dinastia é a da Águia Real. Somos aves como qualquer outra. Temos limites, tanto no céu quanto na terra. Também morremos, ou de morte comum ou perseguida pelos caçadores. Os caçadores fazem de tudo para nos abater.
- E como vou me defender se estou com medo? Pensei que fosse viver sempre ali naquele ninho.
- Meu filhote, repare em suas garras e veja as minhas. Diferentes, não? É uma questão de tempo e de exercício constante. Servem para a vida e para a morte. Dão-nos firmeza e, na hora da luta, são nossas armas. Veja meus olhos. Os homens cientistas não entendem como, mesmo localizados do lado da cabeça, conseguimos ter um raio de visão tão amplo.
- Estou olhando para baixo e só vejo um abismo.
- Olhe seu pai, lá longe. Veja a velocidade com que se está projetando para a terra: vai em direção àquele coelho que está a sair da toca. Logo, estará trazendo a refeição de hoje. Você precisará exercitar a visão. Olhos todos seres vivos têm, mas Visão de Águia só nós. Olhe para o sol.
- Não dá, disse o filhote, desviando o olhar. A luz é muito forte. Ofusca.
- Ser Águia é ser capaz não só de fitar o Sol como, até, de voar em sua direção, como se quisesse alcançá-lo. Ter Visão de Águia é ser capaz de ir das profundezas a sublimidade da vida, superando-se sempre. Nosso olhar tem o brilho do sol, da luz superior. - Olhe o tamanho de minhas asas quando eu as abro. Parece que nós, Águias, queremos assumir o espaço todo aqui em cima. Abraçar o mundo. Você as terá, também, continuou a mãe, ao perceber que o filhote olhava para as suas próprias asas tão pequenas ainda. Elas nos permitem alçar vôo a alturas que outras aves não conseguem. Apenas os homens, com suas máquinas, nos conseguem imitar e superar.
Eles mesmos sempre sonharam voar, mas nunca conseguiram. Você terá que aprender a voar. O Vôo de Águia em direção ao sol, ao inescrutável, àquilo que os outros não conseguem ver nem olhar. Como João, o Evangelista, que via Deus onde os outros viam simples criaturas.
- Deixe-me ver, mãe, se entendi tudo. Para ser Águia de verdade terei que desenvolver a visão dos detalhes e do todo para conseguir enxergar o que os outros não vêem, melhorar minha capacidade de voar baixo em busca de alimento e em direção ao sol para manter sempre vivo o brilho do meu olhar, reforçar minhas garras como meio de firmar-me onde estou e como instrumento de sobrevivência. Mas, há um detalhe, você ainda não me ensinou a voar.
Nesse instante, a jovem mãe, de forma decidida, com suas asas, empurrou, sem pensar duas vezes, o jovem filhote em direção ao vácuo. Espantado, desorientado, desordenadamente, o filhote foi descobrindo que voar era seu destino. E sentiu que valia a pena ser Águia. Olhou para o sol e, na mesma direção, viu o pai e a mãe voando juntos. Nesse instante, sentiu que era uma Águia.
Começara para ele a Era da Águia. Um novo tempo. Uma nova forma de viver.
Autor desconhecido.
A PIPA E A FLOR _♥ Rubem Alves♥
Poucas pessoas conseguiram definir tão bem os caminhos do amor como Rubens Alves, numa fábula surpreendente, cujos personagens são uma pipa e uma flor.
A história começa com algumas considerações de um personagem que deduzimos ser um velho sábio. Ele observa algumas pipas presas aos fios elétricos e aos galhos das árvores e afirma que é triste vê-las assim, porque as pipas foram feitas para voar. Acrescenta que as pessoas também precisam ter uma pipa solta dentro delas para serem boas. Mas aponta um fator contraditório: para voar, a pipa tem que estar presa numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura na mão de alguém. Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa pudesse voar mais alto, mas não é assim que acontece. Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.
Em seguida, ele narra a história de um menino que confeccionou uma pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso. Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente. A pipa também se sentia feliz e, lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas que também voavam.
Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois! A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para flor tudo o que vira
Acontece que a flor começou a ficar com inveja e ciúme da pipa. Invejar é ficar infeliz com as coisas que os outros têm e nós não temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro quando a gente não está perto. A flor, por causa desses dois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim…
Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com que a pipa estivera se divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só podia mesmo sobrevoar a flor.
Esta história, segundo conta o autor, ainda não terminou e está acontecendo em algum lugar neste exato momento.
Há três finais possíveis para ela:
1 – A pipa, cansada pela atitude da flor, resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.
2 – A pipa, mesmo triste com a atitude da flor, decidiu ficar, mas nunca mais sorriu.
3 – A flor, na verdade, era um ser encantado. O encantamento quebraria no dia em que ela visse a felicidade da pipa e não sentisse inveja nem ciúme. Isso aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas.
A Pipa e a Flor – São Paulo, Edições Loyola
http://www.angela.amorepaz.nom.br/apipaeaflor.htm
EDUCAR – ♥Rubem Alves ♥ 1933-2014+
EDUCAR por Rubem Alves.
Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: Veja! – e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente, e, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria – que é a razão pela qual vivemos.
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação – mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar ou à importância do olhar na educação, em qualquer deles.
A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente.
A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido. Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver.
Quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal.
Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem.
Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – mas esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore, ou para o curioso das simetrias das folhas.
Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam. As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo, e o mundo aparece refletido dentro da gente.
São as crianças que, sem falar, nos ensinam as razões para viver. Elas não têm saberes a transmitir. No entanto, elas sabem o essencial da vida. Quem não muda sua maneira adulta de ver e sentir e não se torna como criança jamais será sábio.
(texto extraído do pps que circula na net)
PENSAMENTO – ♥ Rubem Alves ♥
Todas as palavras tomadas literalmente são falsas.
A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras.
Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas.
A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada.
Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!
= Rubem Alves=
♥Rubem Alves, EU MAIOR =19 /07/2014=♥
Trechos da entrevista com Rubem Alves. Documentário EU MAIOR,
sobre autoconhecimento e busca da felicidade.
http://www.eumaior.com.br
♥Rubem Alves♥ Falecimento =19 /07 /2014.
O que é que se encontra no início?
O jardim ou o jardineiro?
É o jardineiro.
Havendo um jardineiro,
mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá.
Mas, havendo um jardim sem jardineiro,
mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá.
O que é um jardineiro?
Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins.
O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro.
O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem.
—Rubem Alves, 2002-
terça-feira, 15 de julho de 2014
O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA =( Manoel de Barros)=
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!
* do blog:Palavras, poemas e poetas.*
O AMOR ( Manoel de Barros).
Fazer pessoas no frasco não é fácil.
Mas se eu estudar ciências eu faço.
Sendo que não é melhor do que fazer pessoas
na cama..
na rede..
nem mesmo no jirau..
como os índios fazem.
(No jirau é coisa primitiva, eu sei,
mas é bastante proveitosa)
Para fazer pessoas ninguém ainda não
inventou nada melhor que o Amor.
Deus ajeitou isso para nós de presente.
De forma que não é aconselhável
Trocar o Amor por vidro..
( Manoel de Barros).
=Fernando Pessoa=
"TUDO VALE A PENA, SE A ALMA NÃO É PEQUENA"
=Fernando Pessoa=
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