domingo, 19 de janeiro de 2014
Dá-me a tua mão =Clarice Lispector=
Dá-me a tua mão: Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo que sempre
foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei naquilo que existe entre
o número um e o número dois, de como
vi a linha de mistério e fogo, e que é
linha sub-reptícia. Entre duas notas de
música existe uma nota, entre dois fatos
existe um fato, entre dois grãos de areia por
mais juntos que estejam existe um intervalo
de espaço, existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo que é a respiração
do mundo, e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
=Clarice Lispector=
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